Aqui, 20 de novembro de 2009
Não minha querida, não morri.
Ou morri ? Passou-se tanto tempo que já deconheço se tal resposta existe ou não. Fato que nos interessa: cá estou. Não me reclames, tu bem sabes que não temos qualquer maior resposabilidade de um para com o outro. Se escrevo-lhe é porque ainda aprecio essa relação estranha entre nós que convencionou-se mentir sob o nome de "amizade", pois bem sabemos que é infeior e simultaneamente transcendente. Amo-te e odeio. Ambos são sentimentos verdadeiros; e se estamos juntos é por essa distância, pois que seja verdade: não nos suportaríamos caso morássemos na mesma cidade. Sagrada e sempre louvada seja essa distância que faz nosso amor viçoso e possível.
Estou em nova casa: melhor e maior, apesar de não precisar de tanto espaço. Somos apenas eu, meus livros e minha máquina de escrever e café. Exceto isso deixo apenas um espaço para que o carteiro possa transitar sem grandes alardes. Bem sabes que não gosto de barulhos, e isso não há por aqui. Tenho dias agradáveis.
O novo emprego é satisfatório. Lembro-me de ti bem pouco durante os dias. E quando lembro é de você me perguntando: "Lembrar de mim é sofrer? ". Estando calado pude me dar ao tempo, e hoje tenho uma resposta. Não. Não te esquecer, isso sim é sofrer.
Mande-me notícias de sua vida. Amores, trabalhos, filhos, tristezas.
Teu:
Th.
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