Carta de 11.12

S,

parece que tinha me perdido. Havia em mim qualquer coisa como falta de geografia entre aqui e lá; estou na fronteira? Não sei, mas sei que te achei. Como te achar no embaraço, na falta de calor, frescor ou cheiro? Como te encontrei perdido que estava por qualquer coisa que me soasse como sombra neste chão madrepérola, qualquer coisa que me fosse com concreto, como meu, como nosso... como? Como não sei, mas é. Acaso te encontras multipartido? Fragmentado? Certamente não sabes, ou se o sabes não vais me dizer pois é sempre esse jogo de fazer com que eu te descubra para depois te fazeres desaparecer de novo o teu símbolo. É meu caro, nos achamos perdidos, ou nos queremos ver perdidos assim podemos nos dar ao dissabor de tocar um a mão do outro, de nos acharmos perdidos juntos. Seria uma boa segurança. Seria a nossa segurança andar sem bússolas que fossem. Seria o nosso começo. Mas sinto tua falta, falta de te ver presente sempre que estás perto. Desejo de não te ver cruzando qualquer fronteira sem que eu saiba se estou eu ou não na fronteira ou no concreto. Preciso saber se estou, se estás comigo. Seria uma boa segurança. Seria nossa segurança.

Como sempre: teu.

Th. 
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